# A Escultura Grega no Período Arcaico #arte #escultura #antiguidade # 1. INTRODUÇÃO ## 1.1 OBJETIVOS A escultura grega do período arcaico<sup>1</sup>, com as suas especificidades, constitui o tema central deste trabalho académico. O enquadramento e análise desta arte, à luz de outros factos, contribuirá para uma melhor compreensão da evolução artística da Grécia Antiga, com todas as suas influências e idiossincrasias. Em muitas situações, empregar-se-á a palavra "arte". Embora esta possa ser entendida num sentido mais lato, dever-se-á ter sempre presente o âmbito mais restrito deste trabalho, ou seja, o da escultura. A definição exata do período arcaico não é possível determinar-se. Nos vários textos e obras que abordam este período da arte antiga podem ser encontradas diferentes divisões e datações, tal é a complexidade do rigor de tal aferição. O facto de muitos trabalhos, que são identificados como pertencentes a meados do séc. VI a.C., apresentarem um elevado índice evolutivo, permitir-nos-á admitir, como possibilidade, que os primeiros rudimentos da arte arcaica possam ter aparecido cerca de meio século antes. O período arcaico aparece frequentemente identificado como o período que abrange os séculos VII, VI e início do V a.C., e sendo que não se constituem como obstáculos as discrepâncias já referidas, optou-se por adotar as três divisões apresentadas pelo Professor José Ribeiro Ferreira<sup>2</sup>. A elaboração de um trabalho com estas características, não sendo uma monografia, deixa portas abertas para uma futura investigação de índole estritamente científica, na qual possam ser desenvolvidos, com grande pormenor, aspetos mais específicos e orientados à finalidade proposta. Sendo a arte uma ferramenta privilegiada no estudo das civilizações, e sendo através dela que inferimos outros aspetos de magna importância para a compreensão da Humanidade, espera-se despertar, com este trabalho, um crescido interesse nos seus leitores. ## 1.2 A IMPORTÂNCIA DA ARTE GREGA É conhecida a importância atribuída às artes na Grécia Antiga. Desse facto, dão-nos conta numerosos escritos da época que, para além de importantes dados sobre a origem das peças de arte e sua identificação, nos fornecem juízos e comparações qualitativas, elementos importantes para deles retirarmos uma noção, mais ou menos clara, da sua beleza original. Tanto quanto se sabe, nesse tempo, e como hoje, o que se escrevia sobre as obras de arte nem sempre tinha por base critérios puramente estéticos. Plínio confundia a fama dos autores com o valor artístico das obras, enquanto que Luciano tinha por base juízos meramente artísticos<sup>3</sup>. Contudo, esses escritos foram determinantes para que se considerasse a escultura grega - a que nos foi dada a conhecer – como a arte que melhor representa o génio grego. A arte grega possui uma forte presença do intelecto. É uma nova visão do mundo e do relacionamento do homem com os seus deuses, numa constelação mitológica criada à sua imagem. E esta nova conceção universal transparece na escultura grega de uma forma notória, trazendo-nos à contemporaneidade uma série de obras – a maior parte cópias romanas ou helenísticas – que revelam uma consciência ensimesmada: o culto do homem, do atleta e do herói. Uma representação que se confunde com o culto dos deuses, como é notório na afirmação de Protágoras: «O Homem é a medida de todas as coisas»<sup>4</sup>. É, sem dúvida, um reflexo do pensamento filosófico, da *mimesis* sustentada por Platão e Aristóteles, de um racionalismo transportado para as obras de arte de uma forma coerente e lógica. Desde o séc. VI a.C., com a influência de Pitágoras, que as relações geométricas são determinantes no ideal da obra de arte. As noções de beleza e de harmonia foram servindo de padrão para os cânones da época<sup>5</sup>. Mais tarde, houve uma evolução num sentido mais naturalista, menos idealista, nunca deixando de se sentir na arte um cunho profundamente humanista. A escultura esteve quase sempre ligada à arquitetura, quer no exterior quer no interior dos templos<sup>6</sup>. Desta forma, a arte desempenhou várias funções de grande importância na sociedade da pólis, constituindo-se como uma arte dos cidadãos. Ela serviu a religião, a glorificação olímpica, a política, as cerimónias fúnebres, as guerras e os seus heróis e, em todas essas funções, vestiu-se sempre com a roupagem comum da ornamentação<sup>7</sup>. A importância da arte na Grécia Antiga não se confinou à sua geografia social e física. Mais tarde, Roma viria a adotar alguns dos tratados de arte elaborados por artistas gregos. Foi também de Roma que nos chegaram as já referenciadas cópias das esculturas gregas, efetuadas por artistas hábeis para satisfação dos romanos e que são a segunda fonte de informação de que dispomos. Embora as diferenças encontradas entre as descrições magníficas contidas nos escritos gregos e a qualidade inferior destas cópias não serem de desprezar, manda o bom senso que se estabeleça um conceito apriorístico: o da consciência da sua beleza e magnificiência<sup>8</sup>. Saliente-se, contudo, que nem toda a estatuária está confinada ao estatuto de cópia. É precisamente o período tratado neste estudo, o da escultura arcaica, que nos deixa um maior número de exemplares originais. Alguns deles terão ficado enterrados por acidente durante as Guerras Médicas (séc. V a.C.). Incontornável, é o facto de muitas das conceções clássicas de arte servirem de modelo para os artistas que a sucederam. Esta influência não se constata apenas na arte romana, como já referenciado, mas igualmente na arte do Renascimento e no gosto estético predominante até ao século XX. # 2. PERÍODO ARCAICO ## 2.1 INFLUÊNCIAS EXTERNAS A escultura grega no período arcaico inicia uma fase artística que evoluirá continuamente até à maturidade - técnica e material - atingida no período clássico. Impõe-se compreender de que forma essa evolução se operou e, inicialmente, tomar conhecimento das heranças que determinaram o seu estilo inicial. São essas influências que definem o ponto de partida e que justificam a aparência das primeiras obras de arte. Assim, e numa fase inicial, regista-se a influência da civilização minóica, em particular da Ilha de Creta, introduzida no continente grego através de Micenas. O conhecimento da arte minóica chega-nos através das escavações do inglês Sir Arthur Evans, iniciadas em 1900<sup>9</sup>. Esta influência creto-micénica manifesta-se numa arte naturalista e fantasista. Posteriormente, a onda de invasões dos povos dóricos, ocorrida no séc. XII a.C., confere-lhe um estilo mais rígido e simplista - próprio de uma linha indo-europeia - que remete para a evidência das formas geométricas. O resultado da produção artística, então desenvolvida, resulta de uma interseção de duas culturas: a dos invasores e a dos habitantes da região. As sucessivas guerras que têm lugar na região, dando origem à devastação da sociedade micénica, contribuem para que uma parte substancial das peças de arte seja destruída. Segue-se uma idade de obscuridade – a chamada Idade das Trevas (c. 1200-100 a 800 a.C.) –, resultando num silêncio que afetará toda a Antiguidade. Como consequência, sobram da arte egeia poucos espécimes, mas o suficiente para constatar a considerável técnica e poder artístico da arte desse tempo. Não é uma constatação universal, pois historiadores há que a consideram demasiado rude para ter sido a precursora da arte grega<sup>10</sup>. Os poucos monumentos que sobreviveram dessa época resultaram inspiradores para os primeiros – ditos - escultores gregos. Mais tarde, não podemos ignorar a influência exercida pela arte egípcia – devido à sua proximidade, sobretudo para os Gregos da Ásia Menor e Ilhas –, que se manifesta já no período arcaico (séc. VII-VI a.C.). Existem elementos que, não constituindo prova, são certamente um bom suporte argumentativo para essa teoria: o facto das primeiras estátuas gregas se apresentarem perfeitamente eretas, com um dos pés – normalmente o esquerdo – avançado, numa atitude semelhante à representada nas estátuas dos reis egípcios<sup>11</sup>. Sobre este tema, o Professor José Ribeiro Ferreira diz: «Hoje tende-se a pensar numa fase de aprendizagem junto dos Egípcios – com os quais tiveram contactos privilegiados através dos mercenários gregos de Psamético I (664-610 a.C.) -...»<sup>12</sup>. Ainda segundo J.Boardman, os mesmos mercenários «viram a nova técnica e a melhoraram rapidamente»<sup>13</sup>. Procuraremos, ao longo do capítulo dedicado à estatuária, ilustrar estas influências através de exemplos concretos, o que contribuirá para uma melhor compreensão da evolução registada. O que, sem dúvida, não pode ser negado, é o facto de nenhuma forma de arte viver encerrada dentro das suas próprias fronteiras. ## 2.2 MÉTODOS E MATERIAIS UTILIZADOS Nos inícios da evolução artística (séc. IX-VIII a.C.), os gregos trabalhavam a madeira, esculpindo os seus deuses, os chamados *xoanon*<sup>14</sup>. Segundo alguns historiadores, esses deuses existiam nos santuários gregos e eram talhados a partir de troncos de árvores. Isso é dito por Pausânias (Παυσανίας), na sua obra «Descrição da Grécia», e facilmente comprovado através dos escritos de outros autores. Ainda assim, e apesar da madeira ser o material mais comum, não era o único utilizado na escultura. O mármore e várias qualidades de pedra serviam esse mesmo propósito, especialmente a pedra caliça, pela sua facilidade de obtenção<sup>15</sup>. A utilização da madeira contribuiu para o desaparecimento de muitas dessas obras, principalmente através do fogo, e nem mesmo a sua substituição gradual por outro tipo de materiais veio minimizar essas perdas<sup>16</sup>. Podemos, com alguma dose de certeza, dizer que a qualidade dessas obras desaparecidas não seria substancialmente diferente das que chegaram até nós. As primeiras tentativas de arte não se confinaram a uma única região ou lugar. Pelo contrário, os centros de atividade artística eram numerosos e espalhados por várias áreas: as Ilhas de Creta, Paros, Naxos; as cidades iónicas da Ásia Menor e as ilhas adjacentes de Chios e Samos; as regiões continentais da Beócia, Ática, Arcádia, Lacónia; a colónia grega na Sicília, Selinus; entre outros. Este facto leva-nos a admitir a existência de várias escolas de escultura<sup>17</sup>. Assim, não é de desvalorizar a importância do local na relação com o leque de materiais utilizados. Os trabalhos serão executados em madeira, pelo facto de ser a madeira o único recurso disponível em determinado local. Na Ática, por exemplo, muitos dos trabalhos ainda restantes são feitos num tipo de pedra calcária, proveniente de Pireus, e designada *poros* por alguns escritores modernos. Noutros locais, onde essa pedra não existia, os trabalhos eram efetuados em mármore. Diversos tipos de materiais foram sendo descobertos através de escavações efectuadas, tendo-se procedido à identificação e datação das peças de arte encontradas. Não deixa de ser surpreendente que, no período que medeia a queda da civilização micénica e o séc. VI a.C., um período que se reveste de algum desconhecimento, os gregos nos tenham demonstrado, através da descoberta de bronzes decorativos, pequenas peças em terracota e gemas, a sua aptidão para desenvolverem com sucesso várias formas de arte. Os métodos utilizados pelos primeiros escultores eram simples. O artista desenhava os contornos da sua obra num pedaço liso de pedra e, com a ajuda de um cinzel, libertava-se do que na pedra se lhe apresentava supérfluo. A ideia era traduzida em relevos coloridos **(Fig.1)**, servindo essa coloração, como na arte egípcia, para realçar os contornos e sugerir sombreados. Os primeiros trabalhos são efetuados em baixo relevo e o seu grau de coloração dependia do tipo de material utilizado e do período da obra. À medida que a complexidade aumentava, os escultores produziam estátuas mais complexas. Eles muniam-se de várias ferramentas, como martelos, cinzéis de vários tipos e outras espécies de utensílios, dando expressão às diferentes formas de representação artística. As estátuas de vulto são um exemplo dessa complexidade, pelo facto de se esculpirem para serem apreciadas de vários ângulos. ![[Pasted image 20250513190306.png]] Há ainda, destes primeiros tempos, estátuas e pequenos relevos produzidos em bronze, um material não muito indicado para o efeito. Além do custo – pois eram feitas de bronze sólido -, estavam sujeitas a uma maior debilidade quando expostas a temperaturas muito baixas. Regista-se igualmente uma razoável proliferação de outros materiais: madeira revestida a placas de bronze; madeira com incrustações de bronze, prata, ou ouro; madeira, marfim e ouro<sup>18</sup>; corpo em madeira, com cabeça, mãos e pés em mármore<sup>19</sup>. A substituição do mármore pelo bronze dá-se a partir do momento em que os gregos aprendem a produzir estátuas ocas. O bronze começa a preferir-se ao mármore, sobretudo para a realização de estátuas que deveriam ficar expostas ao ar livre. Os dois tipos de escultura existentes – a decorativa e a substantiva – determinavam o tipo de estátua a realizar. No caso da decorativa, bastante influenciada pelo espaço arquitetónico envolvente, os trabalhos eram normalmente efetuados em relevo, para serem vistos de uma única perspetiva: a frontal. Na substantiva, os trabalhos consistiam em estátuas de vulto, para serem apreciadas de diversos ângulos. A evolução, tanto da arte decorativa como da substantiva, foi praticamente paralela, uma vez que os artistas não se dedicavam a trabalhar em exclusivo uma única dessas vertentes. # **3. ESTATUÁRIA** ## 3.1 ARCAICO PRIMITIVO (c. 700 – 570 a.C.) O arcaico primitivo, também conhecido por dedálico<sup>20</sup>, presencia a aparição das grandes esculturas em pedra, ainda que desta época tenham sobrevivido muitos trabalhos em madeira e terracota. Não é, pois, de estranhar que os primeiros exemplares tentem reproduzir os anteriores modelos em madeira. É possível que as primeiras peças sejam anteriores a meados do séc. VII a.C., mas só podemos falar verdadeiramente de uma escultura a grande escala, a partir do aparecimento das primeiras expressões dedálicas. O estilo é catalogado por alguns especialistas como sendo de origem dórica. Contudo, é possível repartir essa responsabilidade com origens cicládicas. É um período caracterizado pela simetria, proporção e simplificação. Os escultores deste primeiro período são respeitadores de um número limitado de atitudes na sua estatuária. Existe uma grande subordinação do artista ao material, constatando-se algum receio em talhar a pedra de uma forma profunda. Resulta assim uma escultura de aspeto maciço. A estatuária pertence a dois tipos básicos: o rapaz nu – _kouros_, e a rapariga vestida - _koré_. O _kouros_, singular de _kouroi_, é também designado por _Apolo_ ou _Hermes_. Este tipo de estátua serviu para que os gregos ensaiassem a representação anatómica do corpo humano – servindo o nu para exaltar o interesse dos gregos pelo corpo - e a ideia de movimento – através da perna esquerda adiantada -, ainda que de forma rudimentar. As figuras apresentam-se de corpo rígido, respeitando a lei da frontalidade. Os ombros são largos, com os braços pendentes ao longo do corpo alongado e cilíndrico, as ancas estreitas e o ventre liso. A cabeça, em forma triangular, possui o cabelo em cachos ou em ondas. Um dos primeiros exemplares deste período é a estátua **_Ex-voto de Nicandra_** (**Fig.2**), encontrada, em 1878, na Ilha de Delos. No lado esquerdo da base da figura encontra-se gravada uma inscrição métrica em grego antigo. Segundo as interpretações dessa inscrição, a estátua terá sido dedicada por Nicandra de Naxos à deusa *Artémis*. É uma das primeiras peças esculpidas em mármore de Naxos, que revela uma técnica rude e primitiva. Apresenta um estilo formal dedálico. Os detalhes do rosto são praticamente inexistentes e a maior parte do cabelo cai, numa massa rude, pelas costas. O corpo é quase liso, com a proeminência dos peitos a ser sugerida pela divisão de dois planos - um superior e outro inferior - que produzem um ângulo. O vestido cai de forma extremamente geométrica, não sugerindo dobras. Uma base ligeiramente arredondada serve para a colocação dos pés. Esta imagem primitiva não é única no seu tempo. Outras estátuas deste tipo foram encontradas na Ilha de Delos, na Beócia e noutros locais. ![[Pasted image 20250513190846.png]] Um outro exemplo deste estilo inicial é a estátua de **_Apolo de Thera_** (**Fig.3**), igualmente esculpida em mármore de Naxos e descoberta na Ilha de Thera, em 1836. É uma figura completamente nua, com uma atitude em quase tudo semelhante à da estátua de Nicandra, exceto o seu pé esquerdo avançado. Existe muito pouco detalhe anatómico e o que existe não é natural. Prova disso é a impercetível forma dos músculos abdominais. O longo cabelo do jovem é determinado pelos costumes da época, que só seriam abandonados no início do séc. V a.C. e, em alguns casos, como o de Esparta, um pouco mais tarde. A determinada altura, pensou-se serem estas estátuas representações do deus *Apolo*. É uma assunção perigosa, pelo facto de, nesse tempo, a escultura grega ainda não ser capaz de distinguir os homens dos deuses. ![[Pasted image 20250514174413.png]] É uma estatuária que incorpora uma grande influência egípcia, conclusão legitimada pelo facto de apresentar uma posição rígida, a perna esquerda avançada, os ombros estreitos e a posição das orelhas demasiado alta. A criação da colónia grega Naucratis, no delta do Rio Nilo, no séc. VII a.C., vem potenciar esta assimilação estética através de duas formas distintas: a observação _in loco_ da estatuária egípcia e a exportação dessas peças, através dos barcos de comércio, para o continente. Os gregos não se limitaram a copiar a arte egípcia. Eles emprestam-lhe a sua própria visão, como se constata pela análise das obras encontradas ao longo dos tempos. Mais evoluída tecnicamente e um dos mais perfeitos exemplos deste período, a **_Dama de Auxerre_** (**Fig.4**) é uma pequena estátua (65 cm) encontrada no depósito do Museu de Auxerre, França, em 1907. Os cabelos conservam o seu aspeto cúbico, enquadrando a cara da mulher. O seu braço direito leva a mão em direção ao peito, enquanto que o braço esquerdo fica estendido ao longo do corpo. A estátua, esculpida em pedra caliça, é também uma das primeiras que se conserva da Antiguidade. Atribui-se-lhe um cunho religioso - talvez a representação de uma sacerdotisa -, pelo facto de manifestar uma intenção votiva. ![[Pasted image 20250513191545.png]] Começa a observar-se uma nova tendência para tornar as dimensões da estátua mais próximas do tamanho humano natural. Alguns dos elementos egípcios desaparecem, como a utilização da tanga nas figuras masculinas. A estátua do **_Kouros de Súnion_** (**Fig.5**) é disso exemplo. Os olhos são oblíquos e ligeiramente salientes. Os braços imóveis e de punho fechado estão dispostos ao longo do corpo. As pernas são fortes, com a musculatura levemente acentuada e com a perna esquerda adiantada em relação à direita. ![[Pasted image 20250514174453.png]] Os dois irmãos da mitologia grega, **_Cleóbis e Bíton_** (**Fig.6**), evidenciam características comuns à grande maioria da estatuária do primeiro período arcaico. A grande importância da geometria nestas obras é, muito provavelmente, ainda fruto da influência do período geométrico, das figuras humanas estilizadas e dos triângulos e linhas. A figura humana torna-se a sua temática central, sendo simultaneamente um elemento sagrado e profano. Estamos ainda, nesta fase da arte, perante uma influência egípcia que vai sendo paulatinamente esbatida pela evolução natural das esculturas, fruto de novas técnicas e motivações. Registe-se a preocupação do artista em representar o joelho humano de uma forma mais ousada do que a verificada na arte egípcia. Apesar dessa evolução, não deixa de ser ainda uma arte de muita austeridade, com muitas reminiscências da funcionalidade dórica, embora lançando já as sementes que darão origem a uma nova escultura grega que, em períodos posteriores do arcaísmo, se delineará. ![[Pasted image 20250514174522.png]] Na mitologia grega, Cleóbis e Bíton eram filhos de Cidipe, sacerdotisa de Argos. Na época dos sacrifícios a Hera, o carro de sua mãe deveria ser conduzido ao templo. Como não havia bois para puxar o carro até ao santuário, Cleóbis e Bíton desempenharam essa função, atrelando o carro a seus corpos e percorrendo cerca de cinco quilómetros. Constatando a dedicação de seus filhos, Cidipe pede à deusa que lhes conceda o maior prémio a que um mortal possa aspirar.  Hera mergulhou-os num sono profundo do qual jamais acordariam. Heródoto<sup>21</sup> conta que os cidadãos de Argos ofereceram o par de estátuas ao templo de Apolo, em Delfos. ![[Pasted image 20250514174547.png]] ## 3.2 ARCAICO DA MATURIDADE (c. 570 – 530 a.C.) À medida que a técnica vai evoluindo, começam os artistas gregos a produzir esculturas mais elaboradas, dando uma maior expressão aos seus ideais. Na fase da maturidade, as obras apresentam sinais desse desenvolvimento e, embora mantendo a frontalidade característica do período primitivo, mostram um maior rigor anatómico. As proporções são mais realistas, o que faz com que ombros, braços e peito apresentem entre si uma relação mais natural. Os olhos ganham maior importância, assim como os lábios que, ao serem esculpidos mais grossos, adquirem um novo destaque no conjunto. O típico sorriso arcaico, uma das marcas mais reconhecidas do período, adquire maior importância. A estátua pedestre de **_Hera de Samos_** (**Fig.8**) é representativa de um género menos frequente do que o evidenciado nos _Kouros_. É uma figura de modelação fina, revelando uma mão habituada a utilizar o cinzel. Apresenta uma massa cilíndrica, muito possivelmente inspirada nos anteriores trabalhos efetuados em madeira, os _xoana,_ e cuja forma, por lhe ser familiar, o artista incorpora agora na pedra. É um trabalho bastante compacto, onde muito pouco sobressai do corpo. As pregas paralelas do vestuário são o principal motivo decorativo da obra, representado um dos tipos de peças de vestuário utilizados na Grécia Antiga: o quíton<sup>22</sup>. A parte inferior termina em bainha, como acontecia com os ídolos antigos. ![[Pasted image 20250513192532.png]] Outro dos trabalhos característicos desta fase encontra-se no Museu da Acrópole, em Atenas: o **_Kouros de Samos_** (**Fig.9**). É um trabalho que encerra algumas das limitações observadas neste período de evolução da escultura grega. O **_Moscóforo_** (**Fig.10**), com 1,65 m de altura, é um dos grupos escultóricos mais antigos que se preservaram. Feito em mármore, representa uma figura que transporta um vitelo aos ombros e que será sacrificado em honra da deusa Atena<sup>23</sup>. Estamos, de novo, perante uma atitude de _ex-voto_<sup>24</sup>. Originalmente, possuía incrustações de pedras nos olhos, o que lhe conferia um caráter mais naturalista e aumentava a sua importância enquanto escultura. A expressão facial, que apresenta um sorriso rígido, coaduna-se com a utilizada no estilo da época. As preocupações com a representação fiel da musculatura são evidentes e, apesar de não ser tecnicamente muito evoluída, apresenta já algum apuro na execução. Pensa-se ser ática a sua proveniência. ![[Pasted image 20250514174624.png]] Uma das primeiras estátuas equestres gregas, datada de meados do séc. VI a.C., é o **_Cavaleiro Rampin_** (**Fig.11**). É possível que represente um vencedor de corridas a cavalo. A cabeça original encontra-se no Museu do Louvre, Paris, e o corpo, juntamente com uma cópia da cabeça, no Museu da Acrópole, em Atenas. A escultura mantém das características arcaicas o sorriso e o cabelo, mas rompe com a frontalidade (**ver texto Figs.11 e 12)**. A obra foi uma das oferendas à Acrópole de Atenas, mais tarde destruída pelos persas de Xerxes, em 480 a.C. ![[Pasted image 20250514174650.png]] ![[Pasted image 20250514174714.png]] > [!info] > Esta escultura é única na sua época. Pode ver-se o cuidado do escultor em contrastar a posição do torso do cavaleiro em relação ao corpo do cavalo. A cabeça, levemente inclinada para o lado, sugere o movimento. Saliente-se os detalhes existentes na barba e no cabelo do homem, bem como a extensão do rígido e estereotipado sorriso arcaico, que parece agora estender-se aos restantes músculos do rosto. ![[Pasted image 20250514174742.png]] O **_Apolo de Tenea_** (**Fig.14**) é interpretado como uma estátua de caráter funerário – uma estátua tumular – que representa o homem morto. Foi encontrada em Tenea, uma localidade do território de Corinto. Está extremamente bem preservada, exceto parte do braço direito, mais tarde restaurada. Apesar de manter a mesma atitude rígida, este Apolo mostra uma grande evolução técnica quando comparado com o de Thera. O rosto apresenta o sorriso arcaico e uns olhos proeminentes. Os braços estão ligeiramente afastados do corpo. Apesar de ainda subsistirem debilidades, estamos perante uma modelação da figura bem mais pormenorizada, particularmente a parte inferior das pernas e pés, que se apresentam paralelos. Será esta a ideia corrente de representação do homem e do deus, que se encontrará nos trabalhos deste período. Os traços de imperfeição artística da época estão visíveis na dificuldade do escultor em representar as suas figuras numa atitude relaxada e mais próxima da naturalidade. O seu conhecimento da anatomia humana – ou seja, do ideal que viria a ser perpetuado mais tarde - ainda é deficiente. Um facto que pode ser verificado em pormenores como o de um pescoço demasiado fino para a largura de ombros ou um abdómen pouco definido. As expressões faciais sofrem pequenas alterações em relação ao período anterior. Outra dificuldade sentida até esta data, que consistia na fiel representação do vestuário, dissipar-se-á. A partir de agora, assistiremos a uma grande evolução e experimentação nessa área. Essa evolução ter-se-á devido, segundo parece, aos progressos obtidos pelos iónicos, provavelmente de Chios, e que mais tarde viriam a espalhar-se por Atenas e diversos outros locais<sup>25</sup>. ![[Pasted image 20250514174827.png]] ## 3.3 ARCAICO TARDIO (c. 530 – 480 a.C.) O Arcaico Tardio é sinónimo de uma grande transformação que se traduz na rutura com algumas das leis anteriores: frontalidade, imobilidade e simetria. A perícia técnica, entretanto adquirida, vai permitir ao escultor o abandono da rigidez primitiva. Sinais dessa rutura podem encontrar-se no facto dos braços se afastarem progressivamente do corpo, adquirindo maior flexibilidade. O **_Kouros de Milani_** (**Fig.15**), esculpido em mármore branco, mostra um corpo perfeito de um jovem de sorriso calmo e com o cabelo entrançado e caído. A posição da cabeça já não é tão rígida e o corpo transmite uma atitude mais natural. A sensação que nos é transmitida é a de estarmos perante uma estátua viva. A esse facto não será alheia a resolução de alguns problemas fundamentais de ordem técnica, que marcaram a ausência de realismo anatómico, e que conferiram às obras um interesse puramente arqueológico, sinónimo da falta de habilidade do período arcaico. ![[Pasted image 20250514174901.png]] É uma época de transição para o período clássico e o anúncio da proximidade de um futuro que evidenciará o caráter idealista e sobre-humano das obras clássicas da Antiguidade. Um novo aspeto gracioso e sedutor que se sobreporá ao cunho severo e impessoal da estatuária do período arcaico, sobretudo o das duas fases iniciais. Assistir-se-á ao aparecimento do nu feminino, o que antes era exclusivo das estátuas masculinas. Será um caminho que levará a uma escultura tecnicamente mais evoluída, com um maior sentido de ritmo e volume, um maior respeito pelos materiais, e que se traduzirá em obras de grande valor artístico. ![[Pasted image 20250514174927.png]] Arístion está representado como hoplita<sup>26</sup> na sua estela funerária (**Fig.16**). Trata-se de um trabalho extremamente realista, onde se notam vários pormenores anatómicos importantes, a par da utilização de pregas no vestuário. Apesar desta evolução, ainda se encontram vestígios de um certo arcaísmo inicial. O olho frontal numa figura de perfil é disso exemplo. O primeiro _kouros_ que adota uma postura descontraída e assimétrica é o Efebo de Crítios (**Fig.17**). A escultura evidencia um grande avanço na busca de uma expressão plástica mais natural e na representação do movimento. Pela primeira vez, é usada uma contraposição dos membros a partir do jogo de pernas, o que ilustra a diferença funcional entre a perna de sustentação - sobre a que recai o peso do corpo, e que se mantém tensa - e a perna exonerada, que se flete. Tal atitude tem repercussão sobre o resto do corpo, uma vez que a cadeira da perna de sustentação fica mais alta do que a da perna fletida. Esse mesmo desequilíbrio afeta os ombros. Como consequência, o corpo e o pescoço perdem a sua posição axial e giram ligeiramente em direção à perna exonerada. ## 3.4 O INÍCIO DE UMA NOVA ÉPOCA Em finais de 480 a.C., dá-se início a um novo período na arte grega: a época clássica. Um período que é testemunho duma perfeita representação humana, com todo o esplendor da sua anatomia. Começa, nesta altura, uma fase de transição entre o arcaísmo e a liberdade artística total, dotada de grande evolução por parte do escultor, claramente patente na figura apresentada (**Fig.18**). Embora a estátua do _kouros_ seja de um período arcaico de alguma evolução, ainda patenteia uma rigidez característica. Pelo contrário, a estátua do deus Hermes mostra a libertação que o artista consegue em relação a essa mesma rigidez, fazendo com que a obra se apresente mais natural e realista. É também a partir de agora que, no domínio dos materiais, o artista privilegia o bronze. Definitivamente, o escultor adquire novos conhecimentos técnicos que lhe permitirão trabalhar com maior facilidade o material. Resolvem-se, desta forma, grande parte dos problemas fundamentais. O fim das Guerras Médicas, em 480 a.C., vem desencadear uma grande proliferação artística. Os Gregos entendem a vitória como uma proteção dos deuses<sup>27</sup>, o que aumenta a sua segurança. Dá-se início ao período do apogeu da escultura e arquitetura. A arte é impulsionada pelo vazio provocado pela destruição das peças, causada pelos Bárbaros, e que cria uma conjuntura propícia ao aparecimento de novas criações. Péricles<sup>28</sup> concebe um programa que pretende transformar a cidade de Atenas no centro artístico da Grécia. Surge um grande empreendimento artístico, alicerçado numa nova estética, fruto do espírito, da evolução e da vontade de superação dos Gregos. ![[Pasted image 20250514174954.png]] ![[Pasted image 20250513193945.png]] O Poséidon de bronze – ou Zeus de Artemísio - (**Fig.19**), que foi recuperado no fundo do mar, é um excelente exemplo desta nova facilidade em desdobrar planos. # **4. CONSIDERAÇÕES FINAIS** Pode parecer o período arcaico um período de interesse puramente arqueológico. Contudo, se muitas das suas esculturas apresentam problemas de composição e representação, as suas obras-primas medem forças com grande parte das boas produções de épocas mais desenvolvidas. Conclui-se, desse facto, que o estudo de uma época menos desenvolvida tecnicamente se revela importante para a compreensão do futuro. A investigação efetuada no âmbito da preparação deste trabalho possibilitou o contacto com uma grande parte da história da Grécia Antiga, representada pelos quase três séculos que medeiam o início do período arcaico e a sua fase de transição para o clássico. A tomada de contacto com as várias obras literárias que constituíram o seu suporte bibliográfico veio mostrar a unanimidade em relação às características fundamentais da arte grega desse período. Um período que revelou dificuldades de representação, certamente devidas a problemas de cariz técnico, mais tarde ultrapassados, e que termina com uma nova visão do mundo, fruto de mudanças imprimidas pela guerra. Para os Gregos, o homem representa, incontestavelmente, o assunto mais digno de estudo. A finalidade do escultor reside assim numa idealização humana levada às mais altas possibilidades, endeusada, e a única digna das divindades do Olimpo. Estudar a sua escultura, é estudar a sua história. # NOTAS **1**   O período arcaico da Arte Antiga é definido como sendo o período compreendido entre o séc.VII e inícios do séc.V a.C. Embora as suas fronteiras não estejam definidas com rigor, podemos dividir esse período em três épocas: Arcaico Primitivo (c. 700-570 a.C.); Arcaico da Maturidade (c. 570-530 a.C.); Arcaico Tardio (c. 530-480 a.C.) **2**   Cf. José Ribeiro Ferreira, _Civilizações Clássicas I, Grécia_. Lisboa: Universidade Aberta, 1996, pp.325-326 **3**   Cf. Everald M. Upjohn (et al.), _História Mundial da Arte._ Lisboa: Círculo de Leitores, 1975, pp.181-182 **4**   Cf. Ana Lídia Pinto (et al.), _História da Arte Ocidental e Portuguesa, das origens ao final do século XX._ Porto: Porto Editora, 2006, p.156 **5**   Policleto (séc.V a.C.) define a altura da cabeça como correspondendo a uma sétima parte da altura total do corpo. Lisipo (séc. IV a.C.) estabelece uma nova proporção para a cabeça de apenas 1/8 da altura total da figura. **6**   Cf. Ana Lídia Pinto (et al.), _História da Arte Ocidental e Portuguesa, das origens ao final do século XX._ Porto: Porto Editora, 2006, p.158 **7**   Cf. M.H. da Rocha Pereira, _Estudos de História da Cultura Clássica, I Volume – Cultura Grega_. Lisboa: F. Calouste Gulbenkian, 2006, p.587 **8**   Cf. Everald M. Upjohn (et al.), _História Mundial da Arte._ Lisboa: Círculo de Leitores, 1975, p.184 **9**   Cf. M.H. da Rocha Pereira, _Estudos de História da Cultura Clássica, I Volume – Cultura Grega_. Lisboa: F. Calouste Gulbenkian, 2006, p.32 **10**   Cf. Ana Lídia Pinto (et al.), _História da Arte Ocidental e Portuguesa, das origens ao final do século XX_. Porto: Porto Editora, 2006, p.112 **11**   Cf. Harold North Fowler (et al.), _A Handbook of Greek Archaelogy._ New York: American Book Company, 1909, p.193 **12**   Cf. José Ribeiro Ferreira, Civilizações Clássicas I, Grécia. Lisboa: Universidade Aberta, 1996, p.324 **13**   Cf. J.Boardman, _Greek Sculpture, The Arcaic Period, A Handbook_. Londres, 1978, pp.18-20 **14**  Do grego. pl. ξόανα, sg. ξόανον / xoanon **15**   Cf. Harold North Fowler (et al.), _A Handbook of Greek Archaelogy._ New York: American Book Company, 1909, p.194 **16**   A pedra caliça deteriorava-se facilmente pela erosão. Outro dos exemplos do desaparecimento é o facto das obras efectuadas em bronze, no final da Antiguidade, terem sido refundidas para a fabricação de sinos, moedas e, posteriormente, canhões. **17**   Cf. F.B.Tarbell, _A History of Greek Art._ Londres: MacMillan & Co., Ltd., 1913, p.127 **18**   Estátuas criselefantinas. **19**  Estátuas acrolíticas. **20** Dédalo (gr. Δαίδαλος, "trabalhador habilidoso") foi um lendário arquitecto, escultor e inventor de origem ateniense. Na Antiguidade, atribuía-se-lhe as mais antigas obras de arte arcaicas e algumas obras míticas como o Labirinto de Creta. **21** Heródoto (em grego, Ἡρόδοτος - Hēródotos, na transliteração) foi um historiador grego, continuador de Hecateu de Mileto, nascido no século V a.C. (c. 485–420 a.C.) em Halicarnasso (hoje Bodrum, na Turquia). **22** Túnica usada tanto por homens como por mulheres. Era basicamente um rectângulo de tecido, confeccionado inicialmente com lã e, posteriormente, com linho. Colocava-se na cintura, presa por um cinto, e elevava-se até aos ombros, onde era presa por alfinetes. **23** Em 1887 foi encontrado o seu pedestal, juntamente com parte do pé direito. A inscrição existente no pedestal mostra que foi dedicada a uma deusa, muito provavelmente à deusa Atena. **24** Do latim _ex-voto_, que significa por voto, por promessa. **25** Cf. F.B.Tarbell, _A History of Greek Art._ Londres: MacMillan & Co., Ltd., 1913, pp.143-144 **26** Hoplita (do grego hoplítes, pelo latim hoplites) era , na Era Clássica da Grécia Antiga, um soldado de infantaria pesada. O seu nome provém do grande escudo levado para as batalhas: o hoplon. **27** Cf. Everald M. Upjohn (et al.), _História Mundial da Arte._ Lisboa: Círculo de Leitores, 1975, p.202 **28** Péricles (em grego, Περικλῆς), estratego e político grego (c. 495/492 a.C.–429 a.C.) foi um dos principais líderes democráticos de Atenas e a maior personalidade política do século V a.C. # BIBLIOGRAFIA BOARDMAN, J., _Greek Sculpture, The Arcaic Period, A Handbook_. Londres, 1978 FERREIRA, José Ribeiro, _Civilizações Clássicas I, Grécia_, Lisboa: Universidade Aberta, 1996 FOWLER, Harold North (et al.), _A Handbook of Greek Archaelogy._ New York: American Book Company, 1909 PEREIRA, M.H. da Rocha, _Estudos de História da Cultura Clássica, I Volume – Cultura Grega_. Lisboa: F.Calouste Gulbenkian, 2006 PINTO, Ana Lídia (et al.), _História da Arte Ocidental e Portuguesa, das origens ao final do século XX._ Porto: Porto Editora, 2006 TARBELL, F.B., _A History of Greek Art._ Londres: MacMillan & Co., Ltd., 1913 UPJOHN, Everald M. (et al.), _História Mundial da Arte._ Lisboa: Círculo de Leitores, 1975