# O Nada
## CIM - Companhia Integrada Multidisciplinar
#danca #danca-contemporanea #guidance
A fantasmagórica edificação do “nada” “É preciso imaginar o que se esconde no nada”, é urgente não nos deixarmos enganar pela dissonante claridade das imagens, construir a mudança no horizonte de possibilidades que teimosamente adiamos. A presença deverá ter correlato na ausência, no “nada”, na subtil descoberta que se esconde no aparente vazio das relações humanas, cada vez mais reificadas e urgentemente em busca da utopia. ¶
![[ONada.jpg]]
“O Nada” projeta-se a partir do cruzamento de linguagens artísticas, do dialogismo, da miscigenação. É um projeto inovador da CiM, Companhia Integrada Multidisciplinar, e insere-se na trilogia de que fazem parte, igualmente, _O Aqui_ (o presente, a particularidade de cada um) e _O Depois_ (as entranhas do indivíduo, os seus conflitos). Agora trata-se de desenhar“possibilidades imensas”, deixar“o tempo em suspenso”, rasgar da obscuridade “um fôlego de leveza”. ¶
Em “O Nada", o corpo é “câmara de observação”, não de imagens – no que significam de ruído –, mas de um imaginário que se eleva no infinito, silencioso, feito de sombras e outras luzes. É uma observação essencialmente aberta, leve, tão evasiva quanto a possibilidade de recomeço. A imaginação tida não como um estado, mas como a própria existência humana. E nesta construção espacial nasce a descoberta e o fascínio. ¶
Por entre as pessoas (corpos) e os textos de João Ribeiro, aludem os cenários à ausência de materialidade, pois o concreto subtrai o espaço. Na função explora-se “a poética do ar”, vista como fonte impalpável de sensações. O vazio substitui a ação e a palavra, silencia o movimento dos olhos. Nesta visão emudecida,“o tempo passa num
instante, num nada”. Mas na memória não há tempo, apenas o tecido intemporal da espiritualidade. ¶
As propostas de "O Nada" são tudo menos o que podemos alcançar na visão cega, desprovida de ousadia. São propostas que desfazem a insistente atenção consagrada ao quotidiano vácuo, esquecido do imponente universo de possíveis por desvelar. São propostas de “nómadas coletores de histórias”, a quem a ascese não obstaculiza o infinito sonho que, através das palavras e paisagens sonoras, nos confronta, pois “o paraíso pode nascer todos os dias onde entendermos”. ¶